
“Entre a Vingança e o Desejo: um romance de poder, intriga e paixão que vai te prender da primeira à última página”
Capítulo 1 - Bem-vinda ao Lar
O Retorno
Após anos de ausência, Arabella Tucker retorna à mansão familiar. O som de seus saltos ecoava pelos corredores de mármore como uma sentença sendo pronunciada.
O Bentley preto deslizou silenciosamente pela alameda de carvalhos centenários, suas rodas sussurrando contra o asfalto molhado pela chuva da manhã. Arabella Tucker observava pela janela fumê a fachada imponente da mansão que um dia chamara de lar, os dedos entrelaçados sobre o colo, a postura ereta como uma lâmina afiada.
Cinco anos. Cinco longos anos desde que cruzara aquele portão pela última vez, levando apenas uma mala e um coração partido. Agora retornava como uma mulher diferente – mais forte, mais fria, mais perigosa.
Os anos de treinamento militar secreto haviam esculpido não apenas seu corpo, mas sua alma. Arabella aprendera a sufocar emoções como se fossem chamas inconvenientes, a calcular cada movimento, cada palavra, cada respiração.
Mas por baixo da armadura de gelo, um coração ainda batia – e batia exclusivamente por uma pessoa: Daisy, sua irmã gêmea.
O mordomo abriu a porta antes mesmo que ela tocasse a campainha. Harrison, com seus setenta anos bem vividos, permanecia o mesmo – cabelos prateados impecavelmente penteados, olhos azuis aguados que já viram demais, mãos que tremiam imperceptivelmente ao segurar a bandeja de prata.
"Senhorita Arabella," sua voz carregava décadas de devoção misturada com alívio incontido. "Bem-vinda ao lar."
Ela assentiu brevemente, entregando-lhe o casaco de lã italiana. "Harrison. Onde está minha irmã?"
O silêncio que se seguiu foi mais eloquente que qualquer resposta.
Joshua Blackwood esperava na biblioteca, recostado contra a lareira de mármore carrara como se fosse o dono do lugar. Alto, moreno, com aqueles olhos verdes que costumavam fazê-la perder o fôlego na adolescência. Agora, apenas a irritavam.
"Arabella." Sua voz era veludo sobre aço. "Você está... deslumbrante."
Ela o examinou com a frieza de um predador avaliando a presa. O terno Armani não conseguia disfarçar a tensão em seus ombros, nem o modo como seus dedos tamborilavam contra o cristal do copo de whisky.
"Cinco anos, Joshua. Cinco anos sem uma palavra, sem uma explicação. E agora você me recebe como se eu fosse uma visita esperada para o chá?"
Ele se aproximou, cada passo calculado como uma peça sendo movida no tabuleiro de xadrez que havia se tornado suas vidas. "Você que partiu, Bella. Você que escolheu desaparecer sem deixar rastros."
O apelido enviou uma fagulha de dor através da armadura que ela havia construído ao redor do coração. Mas Arabella Tucker aprendera a transformar dor em combustível.
"Eu tinha meus motivos," ela respondeu, a voz cortante como vidro estilhaçado. "Agora quero ver Daisy."
Arabella chegou à mansão, determinada a reencontrar sua irmã gêmea após anos de separação.
O confronto inicial com Joshua revelou tensões não resolvidas e segredos guardados.
Harrison, o mordomo fiel, hesitou ao ser questionado sobre o paradeiro de Daisy.
A escadaria curvada de mogno brasileiro parecia se estender infinitamente acima dela. Cada degrau ecoava memórias: ela e Daisy descendo correndo para o café da manhã, subindo de mãos dadas para dormir, sussurrando segredos nos corredores durante as noites de tempestade.
O corredor do segundo andar permanecia imutável – os mesmos quadros de ancestrais Tucker observando com olhos severos, os mesmos tapetes persas amortecendo os passos, o mesmo aroma de lavanda e cera de abelha impregnado nas paredes.
Harrison, o mordomo fiel, hesitou ao ser questionado sobre o paradeiro de Daisy.
A escadaria curvada de mogno brasileiro parecia se estender infinitamente acima dela. Cada degrau ecoava memórias: ela e Daisy descendo correndo para o café da manhã, subindo de mãos dadas para dormir, sussurrando segredos nos corredores durante as noites de tempestade.
O corredor do segundo andar permanecia imutável – os mesmos quadros de ancestrais Tucker observando com olhos severos, os mesmos tapetes persas amortecendo os passos, o mesmo aroma de lavanda e cera de abelha impregnado nas paredes.
A porta do quarto de Daisy estava entreaberta. Arabella hesitou – pela primeira vez em anos, sentiu medo. Não o medo da morte que enfrentara em missões secretas, mas algo mais primitivo, mais devastador: o medo de descobrir que chegara tarde demais.
Respirou fundo, ajeitou os ombros como uma soldado se preparando para a batalha, e empurrou a porta.
O que viu fez seu mundo desmoronar.
Daisy estava encolhida no canto da cama king-size, envolvida em um roupão de seda que já foi branco mas agora carregava manchas indefiníveis. Seus cabelos dourados, antes brilhantes como raios de sol, pendiam opacos ao redor do rosto magro demais.
Mas foram os olhos que quebraram o coração de Arabella. Aqueles mesmos olhos azuis que espelhavam os seus próprios, agora vazios como janelas de uma casa abandonada.
A irmã gêmea que Arabella deixara como uma jovem vibrante de vinte anos havia se transformado em uma sombra. Os braços esqueléticos, as unhas roídas até sangrarem, o tremor constante das mãos – todos sinais que Arabella reconhecia dos relatórios que estudara em suas missões.
Sinais de abuso. Sinais de quebra sistemática do espírito humano.
"Daisy?" Sua voz saiu mais frágil do que pretendia. "Sou eu, Bella."
Daisy ergueu o olhar lentamente, como se o próprio ato de mover a cabeça exigisse um esforço sobre-humano. Por um momento – apenas um momento – um lampejo de reconhecimento piscou naqueles olhos mortos.
"Você não é real," Daisy sussurrou, a voz rouca como papel sendo amassado. "Bella está morta. Tia Meagan disse que está morta."
"Eu estou aqui, Daisy. Estou viva e estou aqui. Ninguém vai machucá-la novamente."
Arabella se aproximou da cama com a cautela de quem se aproxima de um animal ferido. Cada instinto treinado gritava para ela avaliar as feridas, catalogar os danos, planejar a retaliação. Mas a irmã dentro dela apenas queria abraçar Daisy e chorar por tudo que perderam.
Quando suas mãos se tocaram, Daisy estremeceu como se tivesse sido eletrocutada.
"Não," ela gemeu, tentando se afastar. "Por favor, não. Eu fui boa hoje, eu prometo que fui boa."
Marcas Físicas
Contusões em diferentes estágios de cicatrização nos pulsos e pescoço. Cicatrizes que não existiam cinco anos atrás. O modo como ela protegia instintivamente as costelas ao se mover.
Sinais Psicológicos
O terror nos olhos quando ouvia passos no corredor. A forma como encolhia ao menor ruído. As desculpas constantes por existir, por respirar, por ocupar espaço.
Isolamento Controlado
O quarto trancado por fora. A ausência de telefone, computador ou qualquer meio de comunicação. A janela com grades que definitivamente não estavam lá antes.
Arabella forçou-se a manter a voz suave, cada palavra cuidadosamente modulada para não assustar ainda mais sua irmã. "Daisy, olhe para mim. Realmente olhe. Sou eu, sua irmã gêmea. Lembra quando éramos crianças e eu prometia que sempre voltaria para você?"
Lentamente, muito lentamente, Daisy ergueu os olhos. Desta vez, o reconhecimento foi mais forte, mais real.
"Bella?" A palavra saiu como uma oração sussurrada. "Você... você está mesmo aqui?"
"Estou aqui," Arabella confirmou, e pela primeira vez em cinco anos, permitiu que uma lágrima escorresse por seu rosto. "E nunca mais vou deixá-la."
Nas duas horas que se seguiram, Daisy contou sua história aos pedaços, como cacos de vidro sendo cuidadosamente coletados do chão. Sua voz quebrava a cada revelação, mas Arabella permaneceu forte, absorvendo cada palavra como se fosse veneno que poderia neutralizar apenas através da própria resistência.
A tia Meagan havia assumido a tutela das gêmeas após a morte dos pais. Inicialmente, fora bondosa, carinhosa até. Mas quando Arabella partiu para sua "missão especial", algo mudou.
"Ela disse que você me abandonou. Que eu era um fardo que você não conseguia carregar. E então... então ela começou a trazer pessoas para casa."
O sangue de Arabella gelou. "Que tipo de pessoas?"
"Homens," Daisy sussurrou, escondendo o rosto nas mãos. "Homens ricos que pagavam para... para me ver. Para me tocar. Tia Meagan dizia que era nossa única forma de manter a mansão, de honrar a memória dos nossos pais."
Cada palavra era uma punhalada no coração de Arabella. Mas ela manteve a expressão neutra, a voz calma. Mais tarde haveria tempo para a fúria. Agora, Daisy precisava dela inteira.
Meagan havia construído uma prisão psicológica perfeita ao redor de Daisy. Isolamento social completo, dependência emocional forçada, e a constante repetição de que Arabella a havia abandonado por ela ser "defeituosa demais para ser amada".
"Ela me drogava," Daisy confessou, os olhos fixos no chão. "Comprimidos para me deixar dócil, injeções para me manter acordada quando era necessário, outras para me fazer esquecer quando a dor ficava insuportável demais."
Arabella fechou os punhos até as unhas perfurarem as palmas. O treinamento militar havia lhe ensinado a canalizar a raiva em ação, mas esta raiva era diferente – era primordial, visceral, absolutamente destrutiva.
"Onde está ela agora?" perguntou, sua voz baixa mas carregada de uma promessa sombria.
"Viajou," Daisy respondeu rapidamente, o medo retornando aos seus olhos. "Ela sempre viaja quando... quando há problemas. Joshua cuida dos negócios, mas ela sempre volta."
Ah, então Joshua sabia. Joshua, que a recebera com aquele sorriso encantador, sabia exatamente o que estava acontecendo nesta casa .....